Se para combater a dor física há morfina e metadona, para a dor espiritual existe o quê? A pergunta do médico Franklin Santana Santos, coordenador da pós-graduação em Cuidados Paliativos da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e autor de livros na área, foi uma dentre tantas outras que provocaram reflexão e debate durante a IV Sessão Clínica de Cuidados Paliativos do Hospital do Subúrbio (HS). Ocorrida no dia 25 de julho, no auditório do hospital, a sessão reuniu profissionais da equipe multidisciplinar, de diversos setores, que se debruçaram na análise da “Espiritualidade na prática assistencial”, tema do encontro.
Falar sobre um assunto que não costuma fazer parte da grade curricular nas universidades é, segundo o diretor técnico do HS, Rogério Palmeira, “uma oportunidade de nos aperfeiçoarmos em temas sobre os quais não nos debruçamos na nossa formação tradicional”. Para ele, é preciso compreender e incluir a dimensão espiritual no amplo conceito de saúde, definida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social.
Organizadora do evento, a coordenadora médica das UTIs Adulto, Cyntia Lins, falou sobre o ciclo de sessões clínicas em Cuidados Paliativos que vem sendo realizado desde o início deste ano. “É uma estratégia para melhorar o entendimento da equipe assistencial quanto aos conceitos e ao manejo em cuidados paliativos. As sessões trazem reflexão em relação a nós mesmos, como profissionais e seres humanos”, pontuou.
Ao falar sobre espiritualidade, o médico Franklin Santos ressaltou a diversidade de crenças e religiões existentes no Brasil, destacando que a espiritualidade independe da opção religiosa, a importância de entender o perfil dos pacientes e a necessidade de o profissional de saúde buscar o autoconhecimento para, assim, ser capaz de dar uma boa assistência ao outro.
Da sua vivência cotidiana com pacientes em cuidados paliativos, o médico afirmou ter chegado a uma conclusão: para o paciente enfrentar bem a morte, é essencial sentir-se bem com tudo aquilo que diz crer. Ampliar a visão sobre a própria situação também ajuda a enfrentar melhor o momento. Embora a doença traga dor e sofrimento ao paciente, Dr. Franklin sugere avaliar o que há de bom nesse processo, a exemplo de uma aproximação familiar decorrente do quadro de doença. Desse modo, abordar a espiritualidade do paciente traz benefícios que ajudam a sanar aquela dor que não cessa apenas com medicamentos.