O primeiro estudo epidemiológico da América Latina sobre problemas de coagulação no sangue envolvendo pacientes vítimas de trauma vem da Bahia e é de autoria de médicos do Hospital do Subúrbio (HS) e pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pioneira na abordagem do tema, a pesquisa recebeu o prêmio de melhor apresentação no IV Congresso da Sociedade Mundial de Cirurgia de Emergência, realizado de 18 a 20 de maio, em Campinas (SP), e que reuniu cirurgiões, professores, residentes e gestores da área, originários dos cinco continentes.
O trabalho científico foi um dos quatro premiados na categoria oral internacional, concorrendo com outros 21 artigos aprovados no processo de seleção. A autoria foi do cirurgião-geral do HS e pesquisador da UFBA André Gusmão, da médica do HS Ana Celia Romeo e dos pesquisadores da UFBA Oddone Braghirolii, Pedro Humberto de Sousa Filho, Geraldo Sampaio, Andréa Mendonça e Roberto José Meyer. Os outros vencedores foram do Japão, Camarões e Austrália.
A pesquisa analisou 2.602 pacientes vítimas de trauma atendidos no Hospital do Subúrbio, de junho de 2015 a novembro de 2016. Desses, 1.074 integraram o núcleo do estudo. Os autores analisaram o uso de exames laboratoriais simples para definir a coagulopatia (alteração da capacidade de coagulação no sangue) nos pacientes traumatizados e determinar seu perfil epidemiológico. A análise desse perfil contribui para o diagnóstico precoce e a racionalização do uso de bolsas de sangue.
O número significativo de pacientes traumatizados com problema de coagulação, causando aumento dos sangramentos e repercutindo nos dados de mortalidade, mostra a importância do tema. “A julgar pelos trabalhos escolhidos pela comissão avaliadora, a relevância deles para a prática clínica foi definidora”, avalia André Gusmão, responsável pela apresentação oral do estudo no congresso. No dia 18, o médico expôs o trabalho para um público heterogêneo, e no último dia de evento, já como estudo premiado, para uma plateia de cirurgiões de expressão mundial, vindos dos Estados Unidos e Europa.
A hemorragia é a principal causa de morte decorrente de trauma nos hospitais e cerca de 25% de pacientes politraumatizados são admitidos com coagulopatia. Nessa condição, os pacientes apresentam maior tempo de hospitalização, taxa de internação em UTI, necessidade de cirurgia e de transfusões, e mortalidade. No HS, a coagulopatia ocorreu em 28% das vítimas de trauma.
Prêmios
Essa é a segunda vez que o nome do Hospital do Subúrbio se destaca em congressos internacionais, como resultado de prêmios conquistados por médicos da instituição. Em novembro de 2016, outro trabalho apresentado por médicos do HS foi premiado no XXIX Congresso Pan-Americano de Trauma, Cuidado Crítico e Cirurgia de Emergência. Na ocasião, o estudo teve como tema o Protocolo da Onda Vermelha, que integra a Linha de Cuidado do Trauma no hospital.
Segundo André Gusmão, a mais nova premiação mostra o reconhecimento internacional do Hospital do Subúrbio em inovações para o tratamento do trauma. “Profissionais renomados da área, como o professor norte-americano Ernest Moore, editor do Tratado de Trauma e do Journal of Trauma and Acute Care Surgery, já reconhecem o nome do Hospital do Subúrbio pelos trabalhos premiados no Congresso Pan-Americano de Trauma, em Maceió, e agora em Campinas. Todos ofereceram, além dos parabéns, palavras de motivação para continuar esse trabalho, que esperamos ser cada vez mais reconhecido pela comunidade cirúrgica do Brasil e do mundo”, destaca Gusmão.