O Movimento Maio Amarelo, de âmbito nacional, ocorre neste mês com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de evitar acidentes no trânsito. No Brasil, dados de 2016 do Sistema Datasus apontam mais de 37 mil mortes por acidentes de trânsito. Os acidentes também mudam para sempre a vida de pessoas que sobreviveram, mas que carregam sequelas para sempre. Estima-se que, anualmente, 400 mil pessoas sofrem ferimentos decorrentes de acidentes de trânsito, das quais cerca de 140 mil são vítimas com lesões permanentes.
Diante desse cenário preocupante e da realidade que enfrenta todos os dias enquanto hospital de urgência e emergência de alta complexidade, o Hospital do Subúrbio (HS) se solidariza com a campanha nacional do Maio Amarelo e chama a atenção para o alto número de pacientes vítimas de traumas por acidentes de trânsito.
De setembro de 2018 a abril deste ano, cerca de 700 pessoas deram entrada no HS por causa desse tipo de acidente. Até abril de 2019, já chegaram à unidade 327 pacientes com traumas decorrentes de acidentes envolvendo automóveis, motos, bicicletas e outros meios de transporte, incluindo vítimas de atropelamento. São pessoas com politraumas, o que engloba os neurotraumas (lesões medulares ou cerebrais), traumas ortopédicos, a exemplo de fraturas nos membros inferiores, traumas abdominais e torácicos.
Dessas lesões, as que mais preocupam por sua gravidade e impacto na vida de quem as sofre, são os neurotraumas. Os desastres automobilísticos e motociclísticos são um dos principais causadores do neurotrauma, considerado hoje um grave problema de saúde pública no país. No HS, são frequentes os neurotraumas decorrentes de acidentes de trânsito, como o traumatismo cranioencefálico (TCE) – conhecido como traumatismo craniano – e o traumatismo raquimedular (TRM).
O neurocirurgião Adroaldo Rossetti explica que, enquanto o TCE pode trazer dificuldades na comunicação e movimentação, com distúrbios na fala, comportamentais ou até mesmo estado vegetativo, o TRM consiste em lesão na coluna vertebral que pode afetar a medula, podendo até mesmo causar paraplegia ou tetraplegia.
No Hospital do Subúrbio, os pacientes vítimas de trauma por acidente de trânsito são, em sua maioria, do sexo masculino (75% dos pacientes), possuindo de 17 a 40 anos de idade. Embora as técnicas de atendimento e resgate de pacientes politraumatizados tenham evoluído muito ao longo do tempo, com atendimento rápido e especializado antes da chegada ao hospital, bem como os exames diagnósticos e o manejo clínico e cirúrgico, a melhor forma de tratamento ainda é a prevenção.
Pesquisas apontam que as causas mais comuns de mortes no trânsito são o excesso de velocidade, o consumo de bebidas alcoólicas, a falta de cinto de segurança, a falta de equipamento de segurança para as crianças (cadeirinha e o assento de elevação), a falta do capacete pelos usuários de motocicleta e o uso do celular. Por isso, aumentar a conscientização do público e a educação no trânsito são imprescindíveis para a redução do número de acidentes e, consequentemente, do alto índice de mortes e de sequelas permanentes.