Ver um paciente, morador de rua, sair do Hospital do Subúrbio (HS) após receber alta, vestindo um impecável conjunto de camisa e calça sociais e sapatos no mesmo estilo “esporte fino” foi uma cena marcante para a coordenadora do Serviço Social do HS, Aline Grimaldi, diante da felicidade estampada no rosto do paciente. Ele, que nunca tinha usado “uma roupa daquela”, como afirmou, deu adeus ao leito hospitalar com elegância para voltar às ruas da cidade. “O paciente não aceitou ser encaminhado para um abrigo. Decidiu retornar à situação de morador de rua”, lamenta Aline.
O paciente que protagonizou a cena não escolheu propositadamente usar aquela roupa. Aline Grimaldi explica: “ele não tinha o que vestir após a alta hospitalar. O conjunto de camisa, calça e sapatos sociais veio de uma doação feita por algum profissional do próprio hospital e coube perfeitamente no paciente”. A doação a que Aline se refere é apenas uma dentre tantas outras que são realizadas por colaboradores do HS, como parte de uma campanha permanente encabeçada pelo Serviço Social da instituição.
“Observamos que havia uma demanda nesse sentido, uma carência da população, tanto de pacientes adultos e crianças quanto de acompanhantes. Por isso, resolvemos viabilizar as doações”, diz Aline. Além de incentivar os profissionais do HS a exercitarem o espírito de solidariedade, a doação de roupas ajuda pacientes que não têm o que vestir na hora de deixar o hospital. “Percebemos que muitos pacientes são moradores de via pública. Outros perdem suas roupas já que, muitas vezes, chegam ensanguentadas e a família não tem condições de voltar à cidade natal, no interior, para trazer vestimentas”, esclarece a coordenadora do Serviço Social.
O programa de doação de roupas do HS também facilita a entrada de acompanhantes que chegam ao hospital trajando vestes inadequadas para o ambiente hospitalar, como shorts e saias curtas no caso das mulheres. Geralmente, essas pessoas não têm como trocar de roupa para depois retornarem à unidade ou simplesmente não possuem peças mais apropriadas no guarda-roupa. “Nesses casos, as roupas são doadas para que os acompanhantes possam permanecer com seus pacientes”, informa Aline Grimaldi.
Para fazerem doações, os colaboradores do HS procuram o setor de Serviço Social, onde entregam as roupas. Depois, elas são encaminhadas à Lavanderia do HS para serem lavadas, passadas e devidamente ensacadas. Embora a aceitação seja elevada, alguns pacientes ou familiares se recusam a aceitar as doações, alegando não saberem a procedência das vestimentas. Mas Aline Grimaldi garante que todas as roupas são higienizadas seguindo os mesmos critérios de qualidade de lavagem dos itens de hotelaria do hospital.
Com a boa prática inserida no cotidiano do HS desde o início de suas atividades, há um ano, o ato de cuidar do paciente ganha novos contornos. A coordenadora do Serviço Social é testemunha dos efeitos que as doações causam nos pacientes, acompanhantes e familiares. “Eles saem extremamente agradecidos e muitos afirmam nunca terem visto uma ação como esta em outro local”, relata Aline.