Em aula inaugural realizada na manhã do dia 21 de dezembro, no auditório do Hospital do Subúrbio (HS), alunos do Curso de Técnico em Enfermagem do Subúrbio Ferroviário de Salvador receberam as boas-vindas dos membros do corpo diretor do HS e da Escola de Formação Técnica em Saúde Professor Jorge Novis (EFTS). Profissionais da unidade hospitalar que atuarão como professoras-mediadoras também se apresentaram e saudaram os estudantes, aprovados no processo seletivo para o curso que será promovido em parceria com o HS.
Em sua fala, a gerente de enfermagem, Salette Bahia, felicitou os alunos que foram selecionados dentre cerca de dois mil candidatos, destacando que todos eles enfrentaram um verdadeiro vestibular, do qual saíram vitoriosos. Para o líder comunitário de Colinas III, Antônio José dos Santos, a realização do Curso de Técnico em Enfermagem representa um fato marcante para a história do Subúrbio Ferroviário de Salvador. “Agradeço a oportunidade de estar aqui fazendo parte dessa mudança, dessa revolução”, disse Antônio, militante há quase 30 anos na comunidade.
O desejo de formar recursos humanos vindos do Subúrbio que pudessem ser, posteriormente, integrados à equipe do HS conjugou-se com a vontade da EFTS de capacitar futuros profissionais de saúde de nível médio e com o sonho antigo de lideranças comunitárias em ver um projeto do gênero se tornar realidade.
“Lembro que Augusto apareceu segurando diversos papéis amassados que versavam sobre um projeto para a realização de um curso de técnico de enfermagem para o Subúrbio Ferroviário, para dar oportunidade à comunidade e fazer sua inclusão social”, recordou Maria José Camarão, diretora da Escola de Formação Técnica do SUS-Bahia, referindo-se ao pedido feito, certa vez, pelo líder comunitário do Subúrbio, Augusto Queiroz. “Hoje, vocês são o projeto. Este é um projeto de vida”, acrescentou Antônio José.
Preparação
A partir do dia 3 de janeiro de 2012, os 30 alunos aprovados iniciam a sua preparação para se tornarem técnicos em enfermagem. O programa do curso é composto por três módulos, cada um com cinco unidades didáticas. São 1800 horas de aulas, sendo 1200 teóricas e práticas, e 600 horas de estágios supervisionados.
As aulas teóricas ocorrerão em salas de treinamento do hospital, sendo que as aulas de laboratório serão desenvolvidas na EFTS, local cuja estrutura foi projetada especialmente para a realização dessas práticas. Quanto aos estágios supervisionados, serão desenvolvidos preferencialmente no próprio HS e em articulação com a comunidade e outros serviços.
“Precisamos de pessoas devotadas, interessadas em fazer o bem”, assinalou a diretora médica do HS, Lícia Cavalcanti, que reforçou a necessidade de identificação do aluno com a área da saúde e suas particularidades. “Não basta querer apenas um emprego. É preciso gostar de gente e no momento mais difícil da vida dessas pessoas”, ressaltou.
Mão de obra
Segundo a diretora médica, os alunos serão privilegiados com a oportunidade de realizarem o curso dentro do hospital. “A prática aqui dará régua e compasso”, pontuou. Depois do conhecimento adquirido, todos estarão prontos para buscar o ingresso no mercado de trabalho. O próprio Hospital do Subúrbio poderá requisitar profissionais qualificados que tenham feito o curso. “Nosso setor de Recursos Humanos está feliz com a possibilidade de termos mão de obra oriunda do Subúrbio Ferroviário. A capacitação, por meio do curso, contribuirá para que, num futuro próximo, possamos empregá-los à medida que fizerem jus a isso”, esclareceu Lícia Cavalcanti.
O comprometimento e dedicação dos alunos foram apontados como elementos imprescindíveis para a formação de um bom profissional de saúde, que deve ter certeza de que a atividade desenvolvida lhe traz prazer. “Estamos sempre buscando ajudar o outro. Precisamos de profissionais que entendam a importância do seu trabalho, que estão tratando do resgate da vida e da saúde das pessoas”, frisou a diretora médica.
Na opinião da superintendente de Recursos Humanos em Saúde da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Telma Dantas de Oliveira, trata-se de um “momento histórico”. Ao se pronunciar durante a aula inaugural, Telma chamou a atenção para a importância de os alunos “aprenderem na essência o papel do hospital dentro de uma comunidade que precisa de atendimento”.