Sentir o vento no rosto e a luz do sol tocar a pele não é privilégio de todos. Para os pacientes renais crônicos internados no Hospital do Subúrbio à espera de uma clínica onde possam realizar hemodiálise e, enfim, receber a desejada alta hospitalar do HS, um passeio ao ar livre é ocasião rara. No Dia Mundial do Rim, comemorado em 9 de março, o hospital promoveu uma caminhada no entorno da instituição, na área interna aos seus portões, com a participação de pacientes renais e profissionais da equipe multidisciplinar.
Dos 30 pacientes renais que realizam hemodiálise no HS, 14 foram autorizados por relatório médico a fazer a caminhada. Internado há 250 dias, o paciente E.N.S, que estava acamado, foi levado na cadeira de rodas para o passeio. As pacientes K.S.R e M.C.B, há 253 e 287 dias no hospital, respectivamente, foram andando e cantando, formando um coral com os outros pacientes.
A ação, que foi promovida pelo Serviço Social do HS e envolveu assistentes sociais, fisioterapeutas, enfermeiros, agentes de transporte e coordenadores de Enfermagem, superou as expectativas diante da felicidade, animação e agradecimentos por parte dos pacientes. O Serviço de Nutrição também preparou um lanche diferenciado para o dia. “Conseguimos mobilizar paciente acamado, que nunca havia saído do leito. Era possível ver a alegria na face de cada um”, conta a enfermeira Meire Musse, que ao longo de cinco anos tem acompanhado os pacientes renais que chegam ao HS.
Aqueles que não puderam participar da caminhada marcaram presença no Espaço de Convivência, no segundo momento da atividade preparada para o Dia Mundial do Rim. Em um ambiente tomado pela emoção, o compositor Armando Lui – que integra o projeto do HS “Cantando a Esperança” – cantou para todos que se encontravam no local. Quem passava por lá, aproveitava para escutar as canções e se unir ao coro. Pacientes de outras enfermarias pediam, curiosos, para participar. Médicos e demais colaboradores se juntaram para apreciar o momento. “Todos numa só voz”, afirma Meire, ao recordar o canto em uníssono que tomou conta da área em frente ao Espaço de Convivência.
A integração entre os pacientes renais que estão na mesma situação, à espera de uma vaga em clínica de hemodiálise, contribuiu para amenizar o sofrimento e reunir forças para tolerar a longa permanência no hospital, longe de casa. “O que vimos foi uma troca entre profissionais, pacientes e acompanhantes. A ação propiciou um encontro entre os próprios pacientes. Geralmente cada um acha que o seu problema é maior do que o do outro”, relata a coordenadora de enfermagem, Tatiane Alves.
As atividades estenderam-se no turno da tarde com jogos interativos, como dominó e baralho. A grande adesão de pacientes e acompanhantes na ação para marcar a passagem pelo Dia Mundial do Rim surpreendeu positivamente os profissionais da equipe multidisciplinar. “Foi um momento mágico”, relembra Tatiane.