A gestão de processos e riscos ainda não é uma prática comum nos hospitais públicos brasileiros, embora sua presença no cotidiano de uma unidade hospitalar seja sinônimo de assistência prestada com qualidade e segurança. Por sua importância no contexto da gestão hospitalar e para a melhoria do atendimento ao usuário, o Hospital do Subúrbio (HS) promoveu curso sobre o tema, nos dias 14 e 15 de julho, em sua sala de treinamento.
Cerca de 70 coordenadores de todos os setores do HS estiveram presentes no encontro, que teve como palestrante a diretora técnica do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), Mara Machado. “O gerenciamento de processos e riscos é uma forma de organizar a gestão para que os objetivos da instituição sejam atendidos, em especial a prestação de uma assistência de qualidade”, explicou. Com a capacitação das lideranças das diversas unidades do HS, a intenção é que as informações e condutas quanto à padronização de procedimentos sejam disseminadas por suas equipes em todo o hospital.
A aplicação, na prática, de todo o conhecimento repassado sobre a gestão de processos tem como conseqüência habilitar o HS para a conquista de sua acreditação, em nível pleno, pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Em setembro de 2012, o hospital será avaliado pela instituição. “O tempo é curto, por isso a agilidade deve ser uma prioridade na observação do nosso método de trabalho”, disse a diretora médica do hospital, Lícia Cavalcanti.
Para Mara Machado, é preciso redirecionar o olhar dos profissionais da saúde, “embassado” por tantas inovações tecnológicas que sobrepuseram a prática do olhar atencioso e cuidadoso diante do paciente. Ao decidir preparar a sua equipe para trabalhar com ferramentas específicas de gerenciamento de processos e mapeamento de riscos clínicos (como os ligados ao uso de medicamentos) e não-clínicos (relativos à manutenção predial, por exemplo), o HS assumiu, segundo Mara Machado, a responsabilidade de “provar para a população a sua capacidade de oferecer atendimento seguro e de alta qualidade”.
A diretora do IQG frisa que o peso das questões políticas acaba por dificultar a tomada de uma nova postura por parte da maioria dos hospitais públicos, embora “alguns estados já tenham entendido que se trata de algo totalmente viável”. Ela cita São Paulo, onde o IQG já atuou junto às Organizações Sociais de Saúde (OSSs) que trabalham de acordo com esse processo de qualidade.
Trata-se de uma prática nova no Brasil, em estágio de conscientização por gestores e pela população, mas que traz benefícios à própria comunidade à medida que melhora a resolubilidade dos atendimentos. Compreender como e por que o erro ou o evento adverso ocorreram, aprendendo com eles, além de prevenir a sua ocorrência são algumas das atitudes desejadas e que foram reforçadas pela palestrante do encontro.
Presidente do Grupo Promédica e do Conselho de Administração da Prodal Saúde, Tereza Valente destacou a necessidade, apontada por Mara Machado, de se adotar uma visão sistêmica que abarque todos os setores do hospital. E considerou proveitoso o curso ministrado pela diretora do IQG, cuja explanação serviu para pontuar os itens a serem avaliados na candidatura do HS à certificação pela ONA.