Um amplo debate sobre os modelos de gestão direta e indireta na atenção hospitalar do SUS e a troca de experiências entre gestores públicos, diretores de instituições de saúde e pesquisadores da área marcaram os três dias do III Colóquio Gestão Hospitalar no SUS, ocorrido de 20 a 22 de setembro, no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), em Salvador. O evento foi uma realização do grupo de pesquisa Trabalho, Educação e Gestão em Saúde, vinculado ao Observatório de Análise Política em Saúde (OAPS).
O Hospital do Subúrbio (HS) participou do segundo dia do evento, representado pelo diretor técnico da unidade, Jorge Motta. Em sua palestra, intitulada “PPP na atenção hospitalar do SUS: contratualização, gestão e desafios do modelo”, ele apresentou o papel do HS dentro da rede assistencial de saúde, o perfil assistencial do hospital e a importância da elaboração adequada do contrato de PPP, estabelecendo ao parceiro privado metas quantitativas e qualitativas a cumprir, como ocorre com o HS.
O diretor também ressaltou o controle social, feito com a participação da população, por meio dos líderes comunitários da região do Subúrbio Ferroviário de Salvador, em reuniões trimestrais com os gestores do HS, de demais unidades de saúde do Distrito Sanitário do Subúrbio e representantes do poder público municipal e estadual. Embora o controle social não seja item do contrato de PPP, Jorge Motta destacou que “é papel institucional expor e se expor, sem perder a constância do propósito de um atendimento do SUS digno, respeitando suas políticas e suas normativas. E é nosso papel buscar alternativas no cenário atual da saúde”.
Em sete anos de existência, o HS já recebeu quatro prêmios internacionais e dois nacionais, mas, segundo Jorge Motta, o principal reconhecimento da instituição é aquele que vem do usuário. “É para ele e por ele que estamos lá. Se não tivermos o foco no que o usuário busca, de nada adianta”, disse. A satisfação do usuário quanto aos serviços prestados pelo HS é, hoje, de 95,59%.
Dentre as ações internas da unidade hospitalar, Jorge Motta mencionou o desenvolvimento de práticas com valorização das necessidades do usuário, com base epidemiológica, e o envolvimento da equipe de saúde, além da contínua análise dos indicadores de produção. No mesmo dia de sua apresentação, também palestraram Rogério Princhak, da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia; Juliana Galvão, da Secretaria da Administração do Estado da Bahia; Sergio Lopes, da Associação Obras Sociais Irmã Dulce; e Francisco Santos, da Associação Caruaruense de Ensino Superior.
Para a presidente da cerimônia de abertura do evento, Isabela Cardoso, diretora do ISC/UFBA, o colóquio permitiu aprofundar uma série de discussões que são de interesse das políticas públicas. “A gente teve o cuidado de fazer desse encontro não apenas um momento teórico-metodológico, mas também um lugar daqueles que fazem a operacionalização das políticas públicas”, destacou.
O debate sobre modelos alternativos, organizações sociais, parcerias público-privadas e a gestão direta permeou as apresentações durante todo o evento. No último dia, duas mesas redondas e uma conferência discutiram o controle exercido pelo Estado, experiências na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia e aspectos teóricos da relação do Estado brasileiro com o setor privado.
*Com informações da Ascom HS e do site Observatório de Análise Política em Saúde