Profissionais do Hospital do Subúrbio (HS) estiveram reunidos, no dia 6 de julho, para conhecer um pouco mais sobre os aspectos e etapas que envolvem o processo de doação e de transplante de córnea na Bahia. Cumprindo uma extensa agenda de visitas a hospitais de todo o estado, o Encontro de Unidades Notificantes de Possíveis Doadores de Córnea chegou até o HS, promovido pelo Banco de Olhos da Bahia e Central Estadual de Transplantes.
O cenário das doações de córnea tem apresentado avanços nos últimos anos, como demonstrou América Carolina Sodré, coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos da Bahia (CNCDO). “O tempo de espera em fila, que antes era de 4 anos, hoje está em 1 ano e meio. Em junho deste ano tivemos um recorde de 76 transplantes de córnea”, disse, comparando o número aos 38 transplantes ocorridos em junho de 2016.
As conquistas vêm ocorrendo de forma gradual e a meta é zerar a fila de córneas. A campanha “Rumo à fila zero de córnea”, capitaneada pelo Banco de Olhos da Bahia, é um exemplo dos esforços que estão sendo feitos nesse sentido. A campanha, iniciada em abril, tem atraído a atenção e apoio de artistas, com impacto crescente nas redes sociais. A coordenadora do Banco de Olhos da Bahia, Márcia Feitosa, credita o aumento das doações a essa ampla ação, marcada pela divulgação nas redes sociais e visitas a hospitais. O Banco também promove cursos de formação para captação de córnea. Atualmente, 1.030 pessoas aguardam na fila estadual à espera de um trasplante.
Durante o encontro no HS, a enfermeira Marli Nascimento, do Banco de Olhos da Bahia, enfatizou que o número de doações ainda está aquém de seu real alcance. Segundo Marli, foram 332 doações em 2016 (sendo 489 transplantes), quantidade superior às 146 doações ocorridas em 2010, mas que “é muito pouco diante dos 50 mil óbitos no estado em 2016”. Com esse panorama, incentivar a doação, informar e capacitar as equipes de saúde torna-se fundamental para melhorar os dados de captação e transplantes.
“Muitos profissionais de saúde não sabem como funciona o procedimento de doação de córnea”, afirmou Marli Nascimento, fato que impossibilita o adequado acesso das famílias à informação. “É preciso dar oportunidade às famílias para que elas escolham entre doar ou não”, ressaltou. Além de apresentar o panorama das doações de córnea na Bahia, a enfermeira explicou aos participantes o trabalho realizado pelo Banco de Olhos e o fluxo de distribuição de córnea.
O Hospital do Subúrbio ocupa a quarta posição no ranking dos centros captadores de córnea na Bahia, com 28 doações em 2016. Em primeiro lugar, está o Hospital Geral de Vitória da Conquista (77 doações), seguido pelo Hospital de Base de Itabuna (51) e Hospital Geral do Estado da Bahia (49).
Palestras
Temas variados integraram a programação do encontro, abarcando desde a anatomia e fisiologia ocular, abordados por Márcia Feitosa, até aspectos éticos e legais da doação, explicados por América Carolina Sodré. O processo de notificação de possíveis doadores de córnea, os critérios de exclusão e elegibilidade de doadores, bem como a entrevista familiar foram os assuntos tratados pela enfemeira Mirela Andrade, coordenadora da Organização de Procura de Córneas (OPC).
A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HS também esteve presente, representada pela assistente social Fernanda Almeida, que fez um relato de experiência da comissão e falou sobre as perspectivas de avanços na doação de córnea.