O fim do ano se aproxima e com ele vêm as férias escolares para alunos das instituições de ensino da cidade. O calendário do ano letivo de 2011 não foi diferente para os alunos-pacientes da Escola Hospitalar (Secult/Salvador) instalada no Hospital do Subúrbio (HS), a qual finalizou as suas atividades com trabalhos artísticos de seus alunos e o reconhecimento de sua atuação por parte da equipe multidisciplinar do HS. “A escola está sendo acolhida e incluída na área da saúde. Conseguimos fazer com que o nosso trabalho fosse um sucesso”, disse a professora da Escola Hospitalar, Irami Lopes.
“Direito da criança e sua diversidade” foi o tema desenvolvido este ano pela escola, que contou com a parceria do setor de Serviço Social da unidade hospitalar para a realização das ações com os pacientes das duas enfermarias pediátricas. Profissionais das demais áreas (Psicologia, Nutrição), enfermeiros e médicos também contribuíram, segundo Irami Lopes, para a execução de atividades e com a troca diária de experiências e conhecimento. Para o ano de 2012, um novo tema será escolhido, ainda sem definição. A professora Irami antecipa que uma das possibilidades é tratar sobre o assunto “cidadania”.
As atividades educacionais promovidas pela Escola Hospitalar incluíram análise de temas diversos (trânsito, direitos da criança, alimentação saudável), estudo de biografias, interpretação de texto, trabalhos de artes e aquisição de demais conhecimentos de acordo com a faixa etária e grau de escolaridade dos alunos-pacientes. Crianças que ficaram internadas no HS e que cursavam o 4º e 5º anos do Ensino Fundamental (antigas 3ª e 4ª séries) estudaram a biografia do pintor brasileiro Cândido Portinari, interpretaram textos relacionados às suas obras e história e, por fim, deixaram aflorar o “lado artista” que tinham dentro de si.
Como exercício escolar, os alunos-pacientes receberam a tarefa de fazer uma releitura da obra de Portinari intitulada “A fuga para o Egito”, de 1937. Os resultados surpreenderam as professoras e outros profissionais das enfermarias pediátricas, tal era o nível de compreensão da pintura original pelas crianças e a qualidade dos desenhos. O pequeno Ulisses, de 9 anos, que nunca tinha ouvido falar em Cândido Portinari, foi um dos destaques ao retratar a obra. A sua ilustração foi parar em um calendário de 2012, viabilizado pela Escola Hospitalar e distribuído na Pediatria do HS. “Ele se sentiu uma pessoa capaz, por ter feito o desenho durante uma situação de internação. Foi um momento de entusiasmo e também de descoberta”, atestou a professora Irami.
A presença da família junto ao paciente, o amor e proteção que dela provêm também foram aspectos abordados durante todo o ano pelas professoras da Escola Hospitalar no HS, Irami e Marili Lopes. “Trabalhamos a importância da família e reforçamos a participação dela para que garanta os direitos da criança e do adolescente à cidadania, à saúde”, pontuou Irami.
A Escola Hospitalar optou por dar um fechamento artístico ao seu ano letivo no HS. Além das releituras da obra de arte de Cândido Portinari, produzidas por seus alunos-pacientes, crianças da Orquestra Flauta Doce, da Escola Municipal de Periperi, apresentaram-se no HS, no dia 14 de dezembro, quando foram entregues a pacientes, acompanhantes e profissionais os calendários com a ilustração do talentoso Ulisses.